quarta-feira, 19 de junho de 2013

“Só se fala noutra coisa!”

Minha homenagem ao humorista gaúcho, Jair Kobe, através de seu personagem Guri de Uruguaiana
Bem que eu tentei, elaborei até uma listinha de possíveis assuntos para a semana. Mas não tem como, aqui no Rio Grande do Sul e em qualquer parte do Brasil, eu ousaria dizer do mundo, “só se fala noutra coisa!” (expressão usada pelo divertido Guri de Uruguaiana, personagem de Jair Kobe). Desta vez, pela proporção dos acontecimentos, sigo a correnteza.
Não é fácil teorizar no assunto ‘Muda Brasil’, pois para isso é preciso fundamentos, embasamento, conhecimentos de História, de política, de economia... Felizmente, não sou profissional em nenhuma dessas áreas, o que me dispensa da obrigação de me cercar de argumentos inquestionáveis: sou simplesmente uma brasileira que faz uso daquilo que a democracia lhe permite, ou seja, usar seu espaço livremente para dar palpite. Portanto, quem não agüentar mais o assunto, está desde já dispensado, pois aqui não encontrará um  artigo científico e sim uma espécie de desabafo de quem, como tantos, cansou e sob alguns aspectos acordou.
A manifestação pacífica tem sido linda de ver, eu poderia dizer até que passou da hora de acontecer. Mas, como não dei o primeiro grito e fiquei esperando, esperando... só posso me apoiar no chavão ‘antes tarde do que nunca’. Ver o Brasil todo nas ruas, transmitindo para o mundo um retrato de nossa insatisfação, não tem preço – vale beeeem mais do que os tais vinte centavos. Cansamos de fazer pose de bonitinhos e alienadinhos, preocupados apenas com samba e futebol. Na verdade, essa nunca foi nossa cara, porém nosso silêncio permitia que o estereótipo se propagasse e a fama permanecesse.
Agora basta, o Gigante acordou! Mas... tenho medo de me perguntar até quando. Uma foto, que circula livremente pelas redes sociais, mostra exatamente a incerteza a qual me refiro: leões protestando em 2013, mas burros votando em 2014. Um amigo, que fazia a mesma reflexão, postou no Facebook: “Como eu queria que as eleições acontecessem nesta semana!”
O medo é o comodismo imperar mais uma vez, depois que os gritos silenciarem e os cartazes forem dependurados com orgulho nas paredes do quartos, como pôsteres para o futuro, contando sobre um passado que valeu a pena. Não foi assim depois dos gritos de ‘Fora Collor’? Por falar nisso, onde encontramos o mesmo sujeito atualmente? Sorrindo para as câmeras, sendo eleito para outros cargos pela mesma população que o rejeitou ferozmente... Desta vez, passada a euforia, inventemos uma vacina contra a amnésia, com doses gratuitas para a população!
Portanto, que o ‘brado forte’ não silencie gradativamente, enganado por outro grupo: aquele que se aproveita do movimento para fazer politicagem e atrair a si um povo sofrido e cansado de exploração, mas que troca uma bolsa-fique-quietinho por outra idêntica, embora com outro nome. Para mim, o mais interessante deste movimento tem sido justamente a característica apartidária.
Agora falemos um pouco da parte horrenda de tudo isso – uma fala breve, pois a última coisa que os protagonistas do espetáculo sem graça merecem é ibope: vandalismo e depredação não são atitudes de cidadão consciente, com potencial para servir de exemplo ou de inspiração a uma nação! Desde quando quebrar tudo consertou algo que já estava deteriorado ou despertou atenção positiva? Até crianças de berço já sabem disso, enxergam que sua birra atrairá apenas punição e privação. Portanto, que sejam penalizados com rigor os vândalos que tentaram manchar os belos movimentos vistos Brasil afora.
Percebo que o desabafo se prolonga, então dedico o penúltimo parágrafo à polícia: por acaso estes profissionais deixaram de ser cidadãos brasileiros, pagadores de impostos, cumpridores de seu estrito dever? Pois a revolta por um instante se voltou contra a categoria... Pior do que isso é a perseguição à instituição policial, como se todas as polícias e todos os seus profissionais fossem repressivos e abusassem de sua autoridade. Assim como uma minoria entre os manifestantes é desordeira, não são todos os policiais abusadores de seu poder: a grande maioria não fez mais do que cumprir com seu dever de garantir a ordem pública! Penso que a sequência de acontecimentos mostrou quem ignora acordos e quem simples e corajosamente se empenha para cumprir seu dever de servir e proteger – e minha opinião aqui não tem fundamentos na divulgação midiática.
Por fim, um ‘viva à democracia’, que me permite falar do assunto mais delicado do momento, respeitosamente, certa de que os comentários virão com a mesma consideração. Afinal, como diz o Guri, ‘só se fala noutra coisa!” e isso mostra, finalmente, unidade neste país!
Suzy Rhoden

terça-feira, 11 de junho de 2013

Talentos

Cupcakes by Jessica Ferroni
Algumas pessoas parecem sentir prazer em torturar as outras...
Explico: uma amiga fez o favor de postar no Facebook os maravilhosos cupcakes que suas mãos de fada produziram. Mãos de fada, que carregam uma varinha mágica, por sinal,  pois tudo, simplesmente TUDO em que ela toca se transforma – para melhor, para mais belo, para mais saboroso!
Esclareço que a moça é maquiadora profissional e também faz os cabelos mais lindos, das noivas mais lindas de Porto Alegre e região metropolitana. Ah, ela faz unhas – as próprias unhas! – e posta as dicas para  meras mortais como eu sonharem com algo mais belo, mais moderno, mais ousado, mais criativo... Enfim, a mulher é cheia de talentos, coisa para virar fã mesmo!
Observando tantas habilidades em uma  pessoa  – não falei dos biscuits, do trabalho em E.V.A, dos instrumentos musicais que ela toca, etc, etc – fico me perguntando onde andava eu durante as aulas de prendas domésticas que foram ministradas na esfera  pré-mortal, quando nos preparávamos para vir a terra brilhar e multiplicar talentos... Gente, é certo que matei essas aulas!
O que me consola é que não fui a única: Gabriela me acompanhou. Até falei pra ela outro dia,  por email, que só pode ter sido ela a má influência, que me convenceu a sair de fininho do curso, para explorar antecipadamente o mundo em que iríamos habitar... Deixamos para trás as teorias, ansiosas pela prática, e vejam só no que deu! Com pesar, declaro-me a inutilidade personificada no que se refere a habilidades domésticas – cozinhar, lavar, passar, limpar, costurar, e todos os demais verbos do vocabulário de uma dona de casa.
Antes da sentença condenatória, permitam-me mais algumas palavras: considerem a boa vontade, essa tenho de sobra! Falta-me o talento inato, apenas isso. Mas quem disse que alguém precisa nascer sabendo algo para ser bem-sucedido na vida?! Acredito que a determinação faz com que aprendamos coisas impressionantemente difíceis – embora para outros pareçam fáceis e simples. Foi assim quando me propus a aprender Inglês, não apenas para falar, mas também para ensinar o idioma; e quando precisei aprender a dirigir, descoordenada do jeito que sou? Ou ainda quando comecei a treinar para um teste de aptidão física e descobri que posso ser excelente nesse quesito!
A verdade é que não podemos tomar o outro como ponto de referência para habilidades que planejamos desenvolver, ou então ficaremos desanimados e nos sentiremos desencorajados. A comparação é traiçoeira, coloca o foco naquilo que não sabemos e não naquilo que podemos vir a desenvolver. Porém, o talento alheio pode tornar-se um grande incentivo, um estímulo extra para galgarmos degraus que considerávamos muito além de nosso alcance, pois se outros aprenderam, nós também podemos aprender!
Além disso, precisamos lembrar que somos únicos e distintos. Admiro profundamente os maestros, os coralistas, e todos que se envolvem com a música. Mas ainda não senti o desejo de desenvolver esse talento, por enquanto me satisfaz ser apenas plateia. Não há problema nisso, os shows são feitos de artistas e de público, ambos essenciais para que os grandes eventos aconteçam.
Portanto, minha amiga-mãos-de-fada, você pode continuar brilhando com exclusividade nas suas múltiplas áreas de atuação que não me importo nem um pouco em ser sua cobaia, ok? Pode, inclusive, me chamar para degustar seus cupcakes, pois estou plenamente convencida de que a habilidade da degustação me pertence... Essa aula é certo que não faltei! Beijo, me liga! ;)

      Suzy Rhoden 
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