Minha homenagem ao humorista gaúcho, Jair Kobe, através de seu personagem Guri de Uruguaiana |
Bem que eu tentei, elaborei até uma listinha de
possíveis assuntos para a semana. Mas não tem como, aqui no Rio Grande do Sul e
em qualquer parte do Brasil, eu ousaria dizer do mundo, “só se fala noutra
coisa!” (expressão usada pelo divertido Guri de Uruguaiana, personagem de Jair
Kobe). Desta vez, pela proporção dos acontecimentos, sigo a correnteza.
Não é fácil teorizar no assunto ‘Muda Brasil’, pois
para isso é preciso fundamentos, embasamento, conhecimentos de História, de
política, de economia... Felizmente, não sou profissional em nenhuma dessas
áreas, o que me dispensa da obrigação de me cercar de argumentos
inquestionáveis: sou simplesmente uma brasileira que faz uso daquilo que a
democracia lhe permite, ou seja, usar seu espaço livremente para dar palpite.
Portanto, quem não agüentar mais o assunto, está desde já dispensado, pois aqui
não encontrará um artigo científico e
sim uma espécie de desabafo de quem, como tantos, cansou e sob alguns aspectos
acordou.
A manifestação pacífica tem sido linda de ver, eu
poderia dizer até que passou da hora de acontecer. Mas, como não dei o primeiro
grito e fiquei esperando, esperando... só posso me apoiar no chavão ‘antes tarde do que nunca’. Ver o Brasil
todo nas ruas, transmitindo para o mundo um retrato de nossa insatisfação, não
tem preço – vale beeeem mais do que os tais vinte centavos. Cansamos de fazer
pose de bonitinhos e alienadinhos, preocupados apenas com samba e futebol. Na
verdade, essa nunca foi nossa cara, porém nosso silêncio permitia que o
estereótipo se propagasse e a fama permanecesse.
Agora basta, o Gigante acordou! Mas... tenho medo de
me perguntar até quando. Uma foto, que circula livremente pelas redes sociais,
mostra exatamente a incerteza a qual me refiro: leões protestando em 2013, mas
burros votando em 2014. Um amigo, que fazia a mesma reflexão, postou no
Facebook: “Como eu queria que as eleições
acontecessem nesta semana!”
O medo é o comodismo imperar mais uma vez, depois que
os gritos silenciarem e os cartazes forem dependurados com orgulho nas paredes
do quartos, como pôsteres para o futuro, contando sobre um passado que valeu a
pena. Não foi assim depois dos gritos de ‘Fora
Collor’? Por falar nisso, onde encontramos o mesmo sujeito atualmente?
Sorrindo para as câmeras, sendo eleito para outros cargos pela mesma população
que o rejeitou ferozmente... Desta vez, passada a euforia, inventemos uma
vacina contra a amnésia, com doses gratuitas para a população!
Portanto, que o ‘brado
forte’ não silencie gradativamente, enganado por outro grupo: aquele que se
aproveita do movimento para fazer politicagem e atrair a si um povo sofrido e
cansado de exploração, mas que troca uma bolsa-fique-quietinho por outra
idêntica, embora com outro nome. Para mim, o mais interessante deste movimento
tem sido justamente a característica apartidária.
Agora falemos um pouco da parte horrenda de tudo isso –
uma fala breve, pois a última coisa que os protagonistas do espetáculo sem
graça merecem é ibope: vandalismo e depredação não são atitudes de cidadão
consciente, com potencial para servir de exemplo ou de inspiração a uma nação!
Desde quando quebrar tudo consertou algo que já estava deteriorado ou despertou
atenção positiva? Até crianças de berço já sabem disso, enxergam que sua birra
atrairá apenas punição e privação. Portanto, que sejam penalizados com rigor os
vândalos que tentaram manchar os belos movimentos vistos Brasil afora.
Percebo que o desabafo se prolonga, então dedico o penúltimo
parágrafo à polícia: por acaso estes profissionais deixaram de ser cidadãos
brasileiros, pagadores de impostos, cumpridores de seu estrito dever? Pois a
revolta por um instante se voltou contra a categoria... Pior do que isso é a
perseguição à instituição policial, como se todas as polícias e todos os seus
profissionais fossem repressivos e abusassem de sua autoridade. Assim como uma
minoria entre os manifestantes é desordeira, não são todos os policiais
abusadores de seu poder: a grande maioria não fez mais do que cumprir com seu dever de garantir a ordem pública! Penso que a sequência de acontecimentos mostrou quem ignora
acordos e quem simples e corajosamente se empenha para cumprir seu dever de
servir e proteger – e minha opinião aqui não tem fundamentos na divulgação
midiática.
Por fim, um ‘viva
à democracia’, que me permite falar do assunto mais delicado do momento,
respeitosamente, certa de que os comentários virão com a mesma consideração.
Afinal, como diz o Guri, ‘só se fala
noutra coisa!” e isso mostra, finalmente, unidade neste país!
Suzy
Rhoden